O carro de boi com a mudança,
Vinha vindo lá na estrada.
O carreiro sisudo dava a ordenança:
Ê boi, ê boi, como se fosse
boiada!
E com essa cantiga gritada,
O carro de boi na rua passava.
E repetia: ê boi, ê boi, a garotada,
Que dá calçada espiava.
O carro é todo feito,
De forte e resistente madeira.
Assim nunca dava defeito,
Só se caísse na lamaceira.
Desde o tempo colonial,
É transporte no Brasil.
No sertão era tão habitual,
Como o céu de anil!
Dois buracos no mião,
Ajudava o som ecoar,
Para cumprir sua missão,
Na dureza de o transportar.
Saudade dos tempos ausentes.
Que jamais voltarão.
Hoje com o progresso presente,
Carros velozes e muita poluição.
Ah, meu carro de boi!
Quantas vezes contigo sonhei!
Agora o sonho já se foi,
Mas de ti experimentei.