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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A CIGARRA E SUA SINFONIA.




Numa pequena floresta habitava uma cigarra que cantava tão bonito que quem a ouvisse não resistia e parava para apreciá-la. O interessante é que em cada árvore em que ela se agarrava o som saia diferente. Isto chamava muito a atenção da bicharada.
E a bicharada sensível aquele som, fazia coro com a cigarra, cada um em sua respectiva voz:
o pássaro chilreava;
 o lobo uivava;
 a cobra sibilava;
 o sapo coaxava;
 o macaco guinchava;
 o grilo cantava;
o inseto zumbia;
 o papagaio palreava.
Era uma verdadeira sinfonia.
A formiga, porém, sempre apressada em guardar o seu alimento, passava carregada de folha e não dava atenção ao cantorio dela..
Intrigada, a cigarra abordou a formiga:
 - Senhora formiguinha, todos os animais param para ouvir o meu cantar e, até, fazem coro comigo e a senhora sempre passa muito ligeira, seguindo o seu caminho e não dá ouvidos a meu som. Por quê?!
 A formiga respondeu:  
- Estou muito ocupada e não posso deixar o meu trabalho para ouvir quem não tem o que fazer.
A cigarra devolveu:
- O que é isto, senhora formiga, quanta grossura em sua resposta?!
 - É isto mesmo, dona cigarra - falou a formiga - continue cantando e quando o inverno chegar faltará comida para a senhora.
A cigarra meio desolada expressou:
 - Senhora formiga, trabalhar é muito bom, mas divertir-se  é  um lazer que todos devem praticar porque além de trazer mais  alegria e disposição para trabalhar, proporciona  saúde.
A formiga, então, indagou-lhe:
- Quando faltar comida, onde encontrarei? Como alimentarei minha família?
 Retrucou a cigarra:
 - Sei que a sua colônia é muito bem organizada. Há enfermeira que cuida das larvas. A rainha é destinada à procriação. A operária faz o túnel do formigueiro e busca alimento e a sentinela cuida da segurança. Cada uma tem algo particular para cuidar dentro da colônia. Então, procure armazenar somente o necessário para os dias do inverno, nada de excessos porque os excessos sempre trazem prejuízos. A senhora não me vê cantando e sempre alegre? Quando sinto fome voo até a plantinha e pego uma folha e logo fico alimentada e volto para o meu divertimento. Por isso, vivo sempre a cantar, sempre a sorrir, sempre a alegrar a todos que me ouvem e tenho muita satisfação nisto. A vida só é colorida se a gente olhá-la com o desejo de tornar a amargura em esperança, a tristeza em alegria; cada dia em uma canção. Assim, o sentimento do viver torna mais leve e prazeroso a vida. Venha juntar-se a nós e verá o gosto que o cantar faz em nossa vida.
A formiguinha meditou no que a cigarra lhe falara e resolveu parar para ver o show de vozes no ar. E não é que a danada gostou? Começou a emitir umas notas zumbiadas e caiu na farra, em meio àquela orquestração maravilhosa.
Ela percebeu que tudo na vida tem limite. Não exagerar nas preocupações para que elas não venham nortear as nossas vidas e permitir que passemos pela vida e não a vivamos.


Texto publicado  em VENDEDOR DE ILUSÃO do famoso escritor J R Viviani, por ocasião do 1º Contos e Prosas.