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terça-feira, 26 de abril de 2011

TRAVESSURAS DE UMA SAPECA

Do google


      Numa cidade interiorana de porte médio, vivia uma família de classe média com oito lindos rebentos. A caçula cujo nome é Doriana desde cedo demonstrava ser  uma menina viva, cheia de energia e peralta.
      A loirinha era bem resolvida.  De natureza irrequieta, tipo nariz arrebitado, como se diz por aí.
     Na infância, fazia tantas travessuras que ao acalmar dos ânimos, os adultos caiam no riso.
    Certo dia, uma amiga de sua mãe, dona Luciana, confiou sua filhota, Lucy, loirinha de cabelos compridos e sedosos, brincar com Doriana. Ela quando viu a menina seus olhos brilharam, pois já maquinava o tipo de brincadeira que iriam realizar.
    Assim que a mãe da pequena saiu, Dori, como era carinhosamente chamada, pela família, convidou Lucy para brincarem debaixo da cama de fazer penteados. Uma penteava a outra e, assim, a brincadeira corria solta. Que lugar mais inusitado para brincar, não! De repente, Dori perguntou a Lucy se ela não queria cortar o cabelo. A menina de pronto disse que queria. Dori não se fez de rogada.  Pegou a tesoura, sem a mãe ver, e fez a festa na cabeça de Lucy. Ela ficou careca, carequinha. Ao terminar o feito, continuaram a brincadeira, só que a pobre Lucy já não tinha cabelo para ser penteado. Dori recolheu todo o cabelo que se espalhou debaixo da cama e colocou dentro do colchão para ninguém ver.
    Num instante, dona Etelvina, mãe de Dori, estranhou o silêncio das duas e saiu a procurá-las pela casa.
              - Doriana, onde estão vocês? Gritou ela.
              - Respondeu Dori, aqui mãe!
              - Onde? Quis saber dona Etelvina.
              - No quarto, mãe!
              - Fazendo o quê?
              - Brincando, argumentou.
             - Aí é lugar de brincar?! Já para sala. Vamos! Berrou dona Etelvina, zangada.
      Quando as duas apareceram, d. Etelvina não reconheceu Lucy e perguntou: de onde saiu essa menina, Doriana? “Cadê” Lucy?
              - Dori, com a cara mais lavada possível, disse: olha ela aí, mãe!
      A pobre da dona Etelvina botou as mãos na cabeça e falou: menina, o que foi que tu “fez” no cabelo da filha dos outros, criatura!
      Ela simplesmente respondeu: corte! Ela deixou, eu cortei mãe!
      Doriana, o que eu vou falar para a mãe de Lucy, menina! O marido dela, seu Bento é soldado dos valentes e prende as pessoas na base do cassetete. Quando Dori ouviu a mãe falar das qualidades do pai de Lucy, a sapeca Dori não se conteve e o xixi começou a descer pelas pernas como se fosse um rio.
      - E o que é cassetete, mãe? Quis saber a menina.
     - É um bastão de madeira ou borracha que o policial usa para bater, respondeu dona Etelvina.
      Naquela hora, Dori já não só se urinava, mas borrava-se também. O pânico que ela sentia de medo de seu Bento era tamanho que dava pena de ver.
     Além do medo do pai de Lucy, ainda tinha de enfrentar seu próprio pai, homem enérgico que não gostava de brincadeiras e punia seus filhos com severos golpes de palmatória nas palmas da mão, caso cometessem algo que trouxesse algum prejuízo para a família ou outrem.
    Doriana implorou a mãe não contar ao seu pai a peraltice praticada em Lucy. Sorte dela que o seu genitor estava em viagem, a negócio, e só estaria de volta quinze dias depois. A mãe diz a Dori que iria pensar no caso dela em relação ao seu esposo.
    A expectativa agora era a vinda da mãe de Lucy para pegá-la de volta. Dori estava com os olhos tão arregalados que não cabiam em seu rosto. Ficou o tempo todo sentada na calçada da casa para ver a hora de  a  mãe de Lucy apontar na esquina e ela ir ao seu encontro para relatar o fato.
    De repente, aparece d. Luciana. Dori sai correndo, aos prantos, para encontrá-la. Quando chega perto, dona Luciana toma um tremendo susto. O que houve Doriana? Aconteceu alguma coisa com a minha filha? Fala logo, menina?
   Dori começou a gaguejar dizendo: do, do dona Lu, lu, ci, ci  ana, eu, eu cor, cor tei  o Ca, Ca, be, be lo de Lucy. Foi, foi sem, sem que, que rer. Fez um drama daqueles capazes de fazer correr rios de lágrimas nos olhos do mais rigoroso cristão.
   Dona Luciana balbuciou algumas palavras já bastante nervosa. ”Tá” bom, vamos ver como estão as coisas. Dori acompanhou  aquela senhora mostrando-se arrependida e dramática.
   Quando dona Luciana viu a filha quase tem um infarto. Filha, o que fizeram com o teu cabelo?! Você está careca! O teu pai que tanto gosta do teu cabelo vai ficar furioso quando te ”ver”. É provável que ele venha aqui tirar satisfação com os pais de Doriana.
   E você, menina, abelhuda, por que fez esta malvadeza no cabelo de minha filha? Depois sai correndo com cara de santa arrependida! Se fosse minha filha, tomaria uma surra tão grande capaz parar na água com sal. Vou contar ao pai dela. Você vai ver. Puxou Lucy pelo braço e nem tchau deu para as pessoas que estavam ao redor e, foi-se embora.
   D. Etelvina, coitada, mulher bondosa e cheia de vergonha não sabia o que dizer. Pedir desculpas a mãe de Lucy, não resolveria o caso. Bater em Dori aplacava um pouco a raiva, mas não traria de volta a cabeleira de Lucy. O que fazer? Era necessária alguma punição para frear os atos de peraltices de Dori. Parou, pensou e decidiu seguir o seu coração de mãe. Chamou Dori à parte, pegou a saborosa, apelido dado pelas crianças a temida palmatória numa antítese de figura. Aplicou 12 bolos, seis em cada mão de Dori. Bem verdade que foram bolos, tipo coração de mãe que não machuca.  Dori, por sua vez, ao apanhar, dizia que nunca mais faria aquilo.
  Dona Etelvina, receando o seu Bento, falava para Dori, você já pensou se o pai de Lucy nos levar para a delegacia? Estamos todos perdidos. Como vai ficar a nossa  reputação, Doriana?
 Quando acabou todo aquele momento de conversa, dona Etelvina entrou em seu quarto, ajoelhou-se e rogou ao Senhor Deus que contivesse o estado de espírito  de seu Bento para  que ele não levasse aquilo como se fosse um  ato praticado por um adulto, mas por obra de duas crianças que brincavam e não sabiam as consequências de suas ações.
 E o Senhor ouviu a oração daquela mãe aflita e o temido pai de Lucy por lá não apareceu, mas nem Lucy nem sua mãe nunca mais passaram pela porta de Doriana.
 Dori prometeu a mãe, de pés juntos, que nunca mais  iria traquinar, contudo foi  por pouco tempo.


      
           

5 comentários:

chica disse...

rs...que lindo conto...

E claro que essas traquinagens voltaram a acontecer muiiiiiiiiiiiitas outras vezes...


Essas promessas são assim,srrs

abração,chica

Vivian disse...

Bom dia,Tunin!!

Mas que aflição!!!Minha nossa!
Um belo conto, prende nossa atenção!!
**Meu filho quando tinha 4 ano(hoje tem 10), cortou um pedaço do cabelo!!
Quando perguntei, meu filho o que tu fez???Ele me disse bem inocente...só to cortando o cabelo mãe!
Confisquei todas as tesourinhas depois disso!!rsrsr
beijos

Carla Fernanda disse...

Uma pena porque os adultos ainda não entendem as crianças, suas traquinagens e talentos até que, muitas vezes, seja tarde.
kkkk...engraçado e triste texto. Eu acho as duas coisas.
Beijos e bom dia!
Carla

SIMASCAVALCANTI disse...

de um malandro embriagado; eu portava uma pistola de dois canos, com duas balas encravadas, houve um momento que de tanto acionar o gatilho da pistola, ela disparou, sorte que, não o atingiu. "Isso é ser criança".
Um forte abraço - Simas

Mare disse...

Muito bom teu conto meu amigo, criança perelta é um barato!Quase
sempre pepinam os próprios cabelos ou os das amiguinhas. Lembrei-me da primeira vez que cortei a franja da netinha Laura, na melhor intenção, mas quando penteei, estava torta!
Que aflição, quando a mãe chegou, olhou, mas felizmente não comentou, levou-a a uma cabelereira.